sexta-feira, 20 de abril de 2007

Estive lá...

Pra quem não conhece Hilda e gosta do pertubador, comece pelo Caderno Rosa... quebra absoluta.
Projeto quer manter espírito literário em casa de Hilda Hilst

Por Fernanda Ezabella CAMPINAS (Reuters) - No portão enferrujado, latidos nervosos recebem os visitantes. Passado o susto, chamam a atenção as duas fileiras de palmeiras que levam até a Casa do Sol, na lendária chácara de Campinas onde viveu por quase 40 anos a escritora paulista Hilda Hilst, morta há três anos e que completaria 77 anos neste sábado.

Os cachorros logo se esquecem dos "intrusos" e se espalham pelo terreno de 12 mil metros quadrados, repleto de árvores - no total, são 40 cães, embora a escritora tenha vivido ali com mais de 100. Ao redor da casa rosada de 700 metros, pessoas trabalham para deixar tudo em ordem, à espera dos convidados desta noite de quinta-feira.
Um projeto de 500 mil reais para restauro e revitalização da chácara será apresentado nesta quinta para cerca de 80 empresários e potenciais patrocinadores. Entre obras previstas, estão um teatro de arena para 80 pessoas e uma biblioteca, além da descupinização do teto e de muitos móveis da casa.
"Será mais um centro de estudos, e não um museu. Será o que sempre foi, um espaço para pensar, estudar, trocar idéias", explicou o escritor José Luis Mora Fuentes, amigo de longa data e herdeiro da Casa do Sol e dos direitos autorais de Hilst. "Ela sempre quis isso, transformar a casa em uma fundação, em um centro cultural."
Mora viveu 22 anos na casa junto com Hilst, após a conhecer no final dos anos 1960. Agora ele está de volta, desde dezembro, ao lado da mulher, a artista Olga Bilenky.
Assim como Mora, outros artistas também viveram ali, como o escritor Caio Fernando Abreu (1948-1996). O local foi um ponto de encontro de intelectuais nos anos 1970 e 1980, recebendo visitas de pessoas como Lygia Fagundes Telles e Antunes Filho.
Hilst, cujos mais de 40 livros publicados a transformaram em uma das escritoras mais importantes em língua portuguesa, começou na poesia, com os livros "Presságio" (1950) e "Balada de Alzira" (1951).
Na década seguinte, investiu em peças de teatro e chegou à ficção com "Fluxo-Floema", em 1970. Tentou popularizar seu trabalho com a polêmica trilogia pornográfica iniciada com "O Caderno Rosa de Lori Lamby" (1990). Também escreveu muitas crônicas e colecionou fãs do calibre de Carlos Drummond de Andrade, que lhe dedicou um poema em 1952.

A chácara consta no mapa do site da prefeitura (www.campinas.sp.gov.br/infotur).

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